ABA: Estruturado X Naturalista
- Valéria Rodrigues
- 4 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
A Análise do Comportamento Aplicada, mais conhecida como ABA, é uma ciência originada na psicologia comportamental e atualmente vem sendo muito disseminada na terapia de pessoas com Autismo. Vale ressaltar que a ABA não é utilizada apenas em casos de autismo, mas também em outros diversos transtornos, doenças ou condições.

Muito já se criticou a ABA, pela forma com que foi conhecida, utilizada ou mesmo apresentada as famílias, aos profissionais e a sociedade através de documentários e filmes como sendo uma ciência rígida, aplicada exclusivamente através de ensinos estruturados em "mesinhas", com diversos registros e gráficos, onde aparentemente a criança era transformada em um "robozinho", que só respondia quando recebia um reforço em troca, ou seja, uma moeda de troca, dando margem até para ser considerada como um tipo de "adestramento". Apesar de a ciência ABA ter sido originada da psicologia comportamental e ter partido inicialmente dos estudos de Skinner, famoso por seus estudos em laboratório com ratinhos, a ABA nada tem haver com esse sistema rigoroso de terapia propagado pelos anos 80.
Ao contrário desta imagem errônea disseminada, a ABA é uma ciência que pode ser aplicada sim, de forma estruturada, onde isso não significa que precisa ser aplicada em uma "mesinha", considerando que o "estruturado" está relacionada a sistematização dos treinos, como por exemplo registrar os resultados e torná-la aplicável por todos os envolvidos na terapia, como também pode ser aplicada de maneira naturalista, ou seja, a ciência ABA pode ser aplicada tanto de forma estruturada como de forma naturalística, são duas técnicas de ensino dentro da mesma ciência, como bem diz os 7 princípios do ABA. Leia mais sobre, no nosso blog clicando aqui!
ABA Estruturado
O ensino estruturado é muito conhecido pela técnica de ensino por tentativas discretas, nesta técnica de ensino o "estímulo discriminativo", ou seja, o estímulo que antecede a resposta do indivíduo é programado pelo terapeuta ou pelo aplicador, desta forma a quantidade de possibilidades de emissão de uma resposta é controlado pelo terapeuta/aplicador, além disso, o processo de ensino se baseia na apresentação de um estímulo discriminativo > emissão de uma resposta > uma consequência.
Este é um tipo de ensino que pode ser realizado tanto em mesinha como no chão por exemplo, são utilizados protocolos e formulários de registro permitem mensurar a evolução e eficácia da intervenção e pode e deve ser tão divertido quanto qualquer outra terapia. As consequências que são oferecidas após a emissão dos comportamentos desejados, são definidos com base nos itens de interesses e preferência do aprendiz, que podem ser sociais, físicos, brinquedos, atividades, comestíveis, etc, ou seja, os reforçadores são extrínsecos (algo externo a atividade que está sendo realizada). Além disso são utilizados níveis de ajudas (totais ou parciais), que auxiliam no processo de aquisição de novas habilidades até que a mesma seja generalizada.
ABA Naturalista
Apesar de não ser muito difundido e muitas vezes confundido com outros métodos, o ABA naturalista, é uma das técnicas de ensino da ciência ABA, e aqui podemos citar o ensino incidental, onde é avaliado dentro do contexto natural da criança possibilidades de intervenção e ensino de habilidades previamente definidas.
O que muitas vezes gera confusão neste tipo de ensino, é que por mais que seja "naturalista", também é necessário o controle de registro de formulários, permitindo a mensuração gráfica, além de ser programado e sistemático igualmente ao ABA estruturado. Além do ensino incidental como umas das técnicas da ciência ABA, vem se popularizando a intervenção baseada no modelo Denver de intervenção, que também veio da ciência ABA, porém teve seu método patenteado e tem como premissas seguir a liderança da criança, uso de hierarquias de dicas de menos para mais, uso de atividades sensório sociais para regular o nível de ativação da criança e os reforçadores são intrínsecos, ou seja, fazem parte da atividade realizada.
Qual utilizar o ABA Estruturado e o ABA Naturalista?
Atualmente a visão dos pais, profissionais e da sociedade quanto ao ABA já mudou muito, porém ainda existem dúvidas sobre aos tipos de ensinos e possibilidades que a ciência ABA pode oferecer. Quando nos questionam sobre qual tipo de ensino será aplicado, o que podemos enfatizar aqui, é que tudo precisa ser avaliado pelo analista comportamental, com base no perfil comportamental do indivíduo, tendo como base de análise as características de resposta da criança, as habilidades que estão sendo ensinadas, o momento que está sendo aplicado a terapia, entre outros fatores, pois cada criança é única e cada programa de intervenção também deverá ser. É preciso adequar a terapia a realidade e a entrega da criança! Porém vale ressaltar que um bom programa de ensino baseado na Análise do Comportamento Aplicada - ABA, deve possuir tanto programas estruturados como naturalistas. Por isso não existe uma resposta única e certa, sobre qual tipo de ensino aplicar, mas sim saber o momento de fazer está escolha,
Ficou com dúvidas? Encaminhe suas dúvidas em nossas redes sociais: https://www.instagram.com/psico.valeriarodrigues/
Commentaires