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Desfralde e Autismo

  • Foto do escritor: Valéria Rodrigues
    Valéria Rodrigues
  • 25 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

O desfralde faz parte do desenvolvimento, autonomia e independência de todas as crianças. Porém, não podemos deixar de lembrar algumas dificuldades e características relacionadas ao desfralde pertencentes ao Autismo. Além disso, não podemos nos esquecer que a criança nesse momento está passando por um período de mudança, de um grande desafio e se encararmos como um processo natural, o controle dos esfíncteres se transforma em uma grande conquista.



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Apesar do processo de desfralde se refere a retirar as fraldas e fazer suas necessidades no vaso, pode não ser um processo tão simples assim, pois está relacionado com o controle esfincteriano, que se constitui em um dos marcos do desenvolvimento infantil e um desafio para pais e crianças.


No processo de desfralde natural a criança precisa estar pronta emocionalmente, cognitivamente e fisicamente, e isso se dá não só pelo controle dos esfíncteres, mas envolve um processo maturativo, deve acontecer em sincronia com o desenvolvimento neuropsicomotor de cada criança. Portanto o desfralde é um processo de desenvolvimento natural, assim como a aprendizagem das demais habilidades e as crianças com atraso no desenvolvimento e aqui vamos especificar o autismo, apresentaram maior dificuldade em adquirir o controle esfincteriano e o desenvolvimento de outras áreas de forma natural, prolongando o tempo e o processo para a retirada das fraldas.


Crianças com autismo podem não dar sinais claros de que está pronta para tirar a fralda!

Outro fator que não pode ser ignorado, é que as crianças com autismo podem não dar sinais claros de que está pronta para tirar a fralda, isso ocorre também pelas dificuldades em discriminar as “sensações” do próprio corpo. Aliás, outras características do Autismo podem dificultar este processo, tais como:

  • Rigidez Mental;

  • Inflexibilidade Mental;

  • Padrões e rituais;

  • Alterações no processamento sensorial;

  • Pensamento concreto;

  • Interesses restritos;

  • Déficit na comunicação social.

Vale ressaltar que crianças com autismo precisam de repetição para consolidação da aprendizagem de novas habilidades e para isso, utilizar estratégias de ensino que tenham sua eficácia comprovada em pesquisas é fundamental para minimizar consequências decorrentes das dificuldades apresentadas pelas pessoas com autismo. Porém quando falamos de Autismo, a primeira dúvida que surge é sobre a idade certa para fazê-lo, portanto ao que se refere apenas à fisiologia, o controle esfincteriano e com isso o desfralde poderia iniciar a partir de 2 anos e 6 meses para o xixi e a partir de 3 anos para o cocô. Esse processo evolutivo é encontrado em todas as crianças, mas com variabilidade individual na velocidade de maturação. Mas, assim como a maturação fisiológica, para iniciar o desfralde é necessário que a criança já possua o que chamamos de habilidades básicas, elas não são condições absolutamente necessárias, mas contribuem para o sucesso do processo e aqui podemos listar da seguinte forma: imitação; seguimento de comandos simples; desempenho visual; comunicação; e sensorial. O processo de desfralde faz parte de um processo de aprendizagem, por isso os pré-requisitos definidos são relacionados à neurociência da aprendizagem.


Paralelamente a estas habilidades, alguns comportamentos podem sinalizar que a criança já está pronta, tais como:

  • Incômodo com a fralda: tentativa de tirar;

  • Fralda seca por muitas horas: o tempo que a criança consegue ficar com a fralda seca está relacionado com o controle do esfíncter por períodos prolongados;

  • Sinalizar de alguma forma que a fralda está cheia;

  • Horário para o cocô: a criança tem horário fixo;

  • Apresenta equilíbrio para caminhar;

  • Sobe e desce escada alternando os pés.

Temos que ter claro que o processo de desfralde, ou o uso do banheiro de forma independente faz parte do que chamamos de atividades de vida diária (AVDs), estas habilidades englobam ações e comportamentos a serem desempenhadas no dia a dia e, portanto, dizem respeito ao bem-estar e a autonomia, e por este motivo são fundamentais para a adaptação, a sobrevivência e o convívio adequado do indivíduo em ambiente social.


Nas crianças com Autismo, a aprendizagem de AVDs pode exigir procedimentos de ensino. Dependendo do nível de comprometimento, exigem uma programação dedicada, isto é, uma programação que favoreça a aquisição, a ampliação e a estabilidade na cadeia de respostas a ser adquirida. Isso não significa que temos que forçar o processo de desfralde, não adianta ensinar habilidades que a criança não está pronta para aprender, mesmo que já tenha atingido a sua idade cronológica, mas levando em consideração todas as habilidades pré-requisitos. Um dos maiores erros no processo de desfralde é iniciá-lo antes da criança estar preparada, estudos mostram que iniciar o desfralde de forma precoce, além de não ser positivo para a criança, apenas aumenta o tempo de duração do processo.


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